Hoje eu me perdi nos cantos de Teresina; nos encantos dos encontros; no
encantamento das pessoas.
Hoje aprendi que “perder-se é o caminho” (Ana Canas) porque nos
encontros do caminho percebe-se que errar é encontrar. Fugir também é encontrar
tudo e nada ao mesmo tempo, que é também o caminho.
Nos encantos dos cantos e quinas percebe-se que perder é ganhar, é
caminho para aprender que a fé também é caminho para refletir o insondável;
para imaginar que as certezas, assim como as dificuldades, são equipamentos
para construção, onde nela, também, reconhecemos caminhos e até nos
reencontramos.
Os tombos na vida mostram respostas – que são caminhos – para quase
tudo.
Perder-se é também criar no tempo nuances poéticas e mergulhar no mundo
com atitudes românticas – enquanto livres e independentes.
Perder-se é perceber abismos e transportá-los pelos caminhos como
trampolim para as vivências poéticas – que são aquelas que notificam a alma,
que insuflam as entranhas e o mais profundo do ser-essência.
Perder-se é sentir um coração aberto para as emoções – que são caminhos
– realmente verdadeiras.
É preciso perder-se para refletir, para aprender que as lutas e
batalhas só as conquistamos, enfrentando-as. Enfrentar também é caminho, inclusive
para garantir o próprio caminho da vida.
Perder-se é também uma arte, que é o reflexo da vida, que, comungada
com os encantos, cantos e encontros, justifica-se a própria vida.
Escrevi este texto muito
inspirada nos encantos dos encontros pelos caminhos, com pessoas, que, de
repente, suscitam uma reflexão – refletir é caminho.
Logo cedo fui atendida por um
médico com o qual fiz exames e impressionou-me o encanto do tratar, do
examinar, do ouvir, da atenção e do analisar; e por uma médica que se perdeu
num sorriso acolhedor e num modo singular de ouvir e encaminhar a consulta.
Muito feliz no encontro, falamos
dos filhos e, emocionada, ela lembrou a indagação de seu filho: Mãe, os números
não tem fim? Perder-me foi a solução para encontrar caminhos, perder-me para
escrever um texto – que é também caminho – e assim como os números, os
sentimentos, as coisas da alma e o amor não têm fim.
É com amor que tudo se enfrenta e
tudo se vence e se encontra caminhos. E com o meu jeito de ser vamos nos perder
para encontrar os caminhos. VAMOS?